quarta-feira, novembro 03, 2010

Anvisa lança medidas para controle da KPC

A Anvisa lançou nas últimas semanas duas medidas para evitar a disseminação de bactérias resistentes, a primeira foi a obrigatoriedade do uso de álcool em gel nas unidades de saúde e a outra foi a obrigatoriedade de receita médica controlada para a venda de antimicrobianos.
O álcool gel é muito eficaz na eliminação da microbiota transitória das mãos dos profissionais, é inconteste a importância da correta higienização das mãos antes e depois da manipulação de pacientes. Essa prática já era adotada em quase todos as unidades de saúde, e é uma discussão algo antiga. Portanto a Anvisa chegou atrasada nesta questão, isso já era regulamentado pelo CDC desde 2002.
O uso de antimicrobianos sempre foi descontrolado na comunidade, quem nunca ouviu de um parente que para curar um resfriado forte era só usar amoxicilina? Ou procurar o balconista da farmácia e pedir uma "opinião"para tratar de uma determinada infecção? Isso é a realidade, pública e notória. Será que isso nunca incomodou a Anvisa? Fico me perguntando se a pressão de laboratórios farmacêuticos não foi determinante para esta negligência. Foram necessários o surgimento de uma epidemia e a morte de 18 pessoas para que a Anvisa determinasse que a venda de antimicrobianos fosse controlada. Essa medida também chega atrasada, muito atrasada. Sempre se soube que o uso desnecessário de antimicrobianos é o principal fator responsável pelo aparecimento de resistência antimicrobiana.
Temos que ter em mente também que somente o controle da venda não é suficiente para se retardar o aparecimento da resistência, por exemplo, no ambiente hospitalar o uso de antimicrobianos é totalmente controlado, somente médicos prescrevem. E por que será que justamente neste ambiente  o fenômeno da resistência é mais prevalente?  Essa é uma questão que merece ser discutida, quem se arvora?

7 comentários:

Unknown disse...

Boa noite professor,
conversando com alguns amigos sobre a proibição da venda indiscrimida de medicamentos, chegamos a conclusões um pouco assustadoras sobre esse assunto. Acho certo sim que haja um controle muito mais restrito para a venda não só de antibióticos, como também outros fármacos. Mas antes desse controle deve-se estabelecer um acesso digno ao sistema de saúde publica, principalmente para classes sociais mais necessitadas. Hoje em dia muitos acham mais fácil e rápido, além de aceitarem como método válido para a "cura" de sua doença procurar um profissional com algum conhecimento em saúde para evitar filas enormes em hospitais com condições precárias de atendimento, onde o paciente fica dias na fila de espera para ser atendido. Procurar um farmacêutico é buscar em algum um conhecimento maior que o seu, que possa curar de imediato sua angustia, ao invés de passar horas numa fila para receber um atendimento muitas vezes insatisfatorio e de má qualidade. Digo isso sem generalizar, claro, todos os hospitais e profissionais de saúde que neles trabalham, mas a realidade é bem essa mesmo.

Hállyfe Rodrigues disse...

Essa medida da ANVISA como já foi comentada chega atrasada, muito atrasada já que sabe-se que o controle da utilização de antimicrobianos é essencial e indispensável para a redução da incidência de resistência bacteriana. Creio que a pressão da comunidade farmacêutica estimula a demora e toda a burocracia que envolve essa questão de venda de medicamentos. A alguns meses atrás vivenciamos a determinação de que as farmácias devem deixar expostos apenas os produtos de perfumaria e alimentícios a frente do balcão e os medicamentos devem ser vendidos apenas através do balconista que tende a não se esforçar em não vender o medicamento solicitado sem a prescrição médica. Creio que o problema vai além da lei ou do conhecimento científico. A cultura da população e muitas vezes a dificuldade em acesso ao médico por diversas razões induz a auto-medicação e acelera o processo de resistência no caso de bactérias ou dificulta o tratamento em alguns quadros de determinadas patologias.

Vitor Laerte disse...

O fato do sistema público de saúde não permitir o acesso de uma grande parcela da população não é justificativa para uma atenção de baixa qualidade. Só o médico pode prescrever um medicamento e acompanhar o tratamento. Fiquemos atentos a esta questão.

Unknown disse...

Para o controle da resistência podemos considerar basicamente dois processos fundamentais: o uso racional de antimicrobiano, uma medida que já é empregado em ambiente hospitalar; e impedir a transmissão cruzada entre os microorganismos. Essa, talvez seja uma medida de insucesso, principalmente em hospitais públicos. Devido à escassez de leitos, muitas vezes, pacientes portadores de infecções altamente contagiosas, que deveriam ser isolados não o são, e o risco de contágio para os colegas de quarto aumenta bastante. Às vezes, quando possível, medidas são tomadas para reduzir essas chances, como o uso de antibioticoprofilaxia, e essa medida de profilaxia acaba por aumentar os riscos de resistência hospitalar. Isso, por outro lado, pode ser considerado como uso irracional de antimicrobiano, já que o controle da disseminação poderia ser feito de forma mais simples ao isolar o paciente.

Sobre a questão da saúde pública, acabam nos recorrendo algumas dúvidas. O governo poupa gastos com a construção de hospitais, mas perde devido ao prolongamento do tempo de tratamento e internação nos serviços de saúde ativos, e isso é vantagem para quem? Não seria melhor investir na saúde pública, mais onde se pode evitar o agravo das doenças, e dessa forma diminuir os custos de seu tratamento? Além disso, se para os usuários desse serviço isso também é uma enorme vantagem, porque não o fazem? Ou os interesses dessa população não são relevantes para o governo?

Wesley Sidney disse...

Boa noite pessoal, tenho uma simples e radical opinião em relação a isto, somente médicos devem prescrever e que todos, sem exceção, os antimicrobianos devem ser de receita controlada. Afirmo também que como apontado pelo professor, o surgimento em ambiente hospitalar desta super bactéria, lança uma mostragem de que os prescritores não estão sabendo utilizar de maneira correta os antibióticos, sendo assim, alguma medida como por exemplo reciclagem destes profissionais poderia ser abordada. Afirmo que não sei se tal realidade seria possível, e se não for, gostaria da opinião de vocês acerca de algumas medidas para melhorar a prescrição dos profissionais médicos.

Wesley Sidney disse...

Boa noite a todos, concordo que essa reconmedação chega tarde demais e que fora necessário mortes para que a ANVISA tomasse essa atitute. Tenho uma simples e radical opinião acerca de que somente os médicos devem prescrever e acompanhar o tratamento, creio também de todos, sem exceção, dos antimicrobianos devem ter sua prescrição controlada. O surgimento desta super bactéria em ambiente hospitalar, como foi mencionado pelo professor, lança uma mostragem de que os prórpios prescritores não estão sabendo lidar de maneira correta com os antimicrobianos, desta maneira, creio que medidas devam ser tomada para mudar esta realidade, tais como reciclagem deste profissionais prescritores. Afirmo que não sei se tal realidade seria possível, e se não o for, gostaria de mais opiniões acerca deste tema.

Patrícia disse...

Boa noite:
Segundo TAVARES (2000), embora existente, a resistência a drogas específicas nas bactérias causadoras de infecção humana era pouco frequente ao início da era da antibioticoterapia. A importância do problema coincide com a introdução e a ampla utilização de inúmeros antimicrobianos na década de 1950, expandindo-se a partir de 1960, com a introdução dos novos antibióticos beta-lactâmicos, e agravando-se nas décadas de 1980 e 1990, com o surgimento de novas formas de resistência e a disseminação de germes multirresistentes. A importância das substâncias antimicrobianas no aumento do fenômeno da resistência reside no seu papel selecionador dos exemplares resistentes, através da pressão seletiva resultante de seu emprego clínico (humano e veterinário), industrial (conservação de alimentos), comercial (engorda de animais) e experimental. Sem dúvida, o uso clínico dos antimicrobianos exerce papel selecionador das estirpes resistentes e, provavelmente, é a principal causa da resistência, sobretudo a observada no ambiente hospitalar, onde o uso destas drogas é maior. Atualmente, se discute, inclusive, a possível ligação entre o uso de substâncias catiônicas biocidas, tais como clorexidina, amidinas, acridinas e derivados do amônio quaternário, e a seleção de bactérias resistentes a antimicrobianos. A pressão seletiva do uso de antimicrobianos exerce papel fundamental na magnitude e disseminação da resistência, conforme bem conhecido no ambiente hospitalar e, mesmo, no meio extra-hospitalar. Exemplos desta última assertiva são relacionados ao encontro de resistência ao cloranfenicol em 30 a 50% de isolamentos de E. coli na Indonésia, onde o cloranfenicol é utilizado largamente como droga de primeira escolha para o tratamento de diarréias. Ao contrário, nos Estados Unidos da América, onde o uso deste antibiótico é realizado com selecionado rigor, a resistência ao cloranfenicol é rara. Nos Estados Unidos, os centros de Controle de Doenças (CDC), verificaram o aumento da resistência de Salmonella a vários antimicrobianos de 16% em 1979 para 32% em 1989, relacionado ao emprego de antimicrobianos em alimentos para animais.
Existem alguns métodos tradicionais que permanecem como fundamentais no combate aos microrganismos resistentes. São representados pelo adequado controle técnico do emprego de antimicrobianos para o tratamento, profilaxia e engorda em animais. O adequado controle técnico do emprego de antimicrobianos na preservação de alimentos e cultivos microbianos. O rigoroso estudo e aplicação de drogas ou produtos biológicos com finalidade praguicida. Entre os profissionais da saúde, os princípios básicos do emprego de antimicrobianos devem ser perseguidos, devendo-se, sempre, orientar a terapêutica antimicrobiana em função do diagnóstico etiológico estabelecido ou presuntivo da infecção; procurando-se empregar as drogas mais ativas, mais tradicionais e de menor custo; utilizando-se antimicrobianos mais modernos e associações de antimicrobianos somente em situações definidas como vantajosas. É necessário um sistema de vigilância epidemiológica atuante, a valorização das comissões de controle de infecção hospitalar e laboratórios de microbiologia. Deve-se, ainda, proporcionar educação continuada de qualidade aos profissionais de saúde, a fim de que se atualizem no que tange à prescrição de medicamentos, realizando-a de forma criteriosa e com fundamentação científica.

Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.33 n.3 Uberaba May/June 2000.

Rev. Pan. Infec. vol.7 n.4 Out/Dez/ 2005

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