Vacina para Dengue é licenciada no Brasil. A empresa Sanofi Pasteur conseguiu licença da vacina pela Anvisa e suas similares no México e na Filipina. Trata-se de uma vacina tetravalente que protege cerca de 60 % dos casos e 80-90 % das formas mais graves. Até o momento está autorizada para uso em pessoas de 9 a 45 anos.
Limitações até o momento:
1)Custo: a dose custa cerca de 20 euros, muito cara levando-se em conta a universalidade da dengue nos países acometidos (só no Bras...il cerca de 200 milhões) e a necessidade de revacinação semestralmente.
2)Idade: crianças menores que 9 anos não poderão neste momento se beneficiar, o que deixa desprevenido um grupo importante de suscetíveis.
3)Baixa eficiência: cerca de 60% nos ensaios.
4)É só para dengue, obviamente não resolve os outros graves problemas relacionados à Zika e ao CHIK.
Apesar destas limitações, já representa um grande avanço no combate à doença e à mortalidade associada.
Médico infeciologista. Mestre e Doutor em Medicina Tropical. Autor do Livro Lições de Epidemiologia
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segunda-feira, dezembro 28, 2015
sábado, abril 04, 2015
Aedes sp. um vetor a se adaptar: uma ameaça real para os países de clima temperado
A expansão dos mosquitos do gênero Aedes, transmissor de doenças febris entre elas a dengue, a Febre Amarela e o Chikungunya, tem sido a grande preocupação das autoridades sanitárias nos últimos anos. Vou comentar brevemente dois episódios recentes que demonstram o risco de expansão dessas doenças para territórios que o mosquito nunca existiu ou havia sido controlado.
Recentemente foi detectado uma epidemia de dengue na Ilha da Madeira, essa região é um território autônomo de Portugal com cerca de 260.000 habitantes, apresentando clima temperado mediterrâneo. Em 2005 foi encontrado o Aedes aegypti pela primeira vez em uma das ilhas do arquipélago. Em 2012 foram detectados os primeiros casos de dengue do tipo DEN 1. Foram um total de 2168 casos (entre prováveis e confirmados). Esse episódio gera muitas preocupações, apesar de Portugal continental não ter o Aedes aegypti em seu território, o Aedes albopictus infesta diversas regiões de clima temperado da Europa, e também por já ter havido epidemias de dengue anteriormente, sendo a última em 1928 na Grécia.
O primeiro caso de Chikungunya nas Américas ocorreu em Dezembro de 2013 nas Antilhas, desde então a doença se espalhou por diversos países do continente já alcançando a cifra de 1.300,000 casos. A grande novidade é a ocorrência de casos autóctones nos EUA, especificamente na Flórida, demonstrando a grande capacidade de adaptação do mosquito Aedes. A situação pode piorar com a reemergência de casos de dengue no Texas e a possibilidade de epidemias da doença em outros estados. Abaixo a distribuição de Aedes nos EUA de acordo com o CDC:
Para finalizar é bom lembrar que o CHIK e a dengue são doenças relativamente benignas, apresentando baixa letalidade. Todavia, uma doença que se encontra nas Américas há longa data e que tem o potencial de causar até 25 % de letalidade, a Febre Amarela, é também transmitida pelos mesmos vetores. E para quem nunca ouviu falar, Lisboa teve uma epidemia de FA em 1857 com 16.000 casos (10 % da população lisboeta na época) e 5.000 mortes. José saramago, em seu livro Memorial do Convento, relata:
"(...) está Lisboa atormentada de uma grande doença, morrem pessoas em todo as casas (...). Que doença é essa, dizem que foi trazida por uma nau do Brasil, (...) mas, sobre a doença, pelos sinais que dá, é vómito negro ou febre-amarela, e o nome importa pouco, o caso é que estão morrendo como tordos (...). "
sábado, novembro 15, 2014
Ambiente urbano amplifica a multiplicação de Ae. albopictus
Em recente estudo conduzido na China e publicado na PLOS NTD, observou-se que o mosquito Ae. albopictus se multiplica melhor nos focos de ambiente urbano se comparado com os da zona rural. Além disso a sobrevida do mosquito é maior e com isso há maior densidade do vetor nas cidades.
A urbanização aumenta a capacidade de multiplicação do mosquito, a meia vida do adulta e aumenta sua densidade. Portanto a adaptação dessa espécie ao ambiente urbano amplifica a capacidade de transmissão de doenças como dengue e chikungunya. Essa observação é altamente preocupante tendo em vista a disseminação do Ae. albopictus no território brasileiro e a falência do controle vetorial, explicado em grande parte pela adaptação dos vetores ao ambiente urbano.
Link do artigo.
segunda-feira, janeiro 16, 2006
Dengue tipo 3 mata no Rio de Janeiro
Mais uma epidemia anunciada. Ainda me lembro no final de 2003 quando o ministério da saúde anunciou que a dengue era um problema solucionado e que os casos haviam diminuído em 80 % graças à ação desta competente esfera. Que balela! A dengue desapareceu porque as condições predisponentes para epidemia não foram alcançadas (como a presença de indivíduos suscetíveis), essa é a história natural.
Atualmente no Rio há uma enorme infestação dos domícilios pelo Aedes, em todo canto se encontra este vetor, é claro que existe uma pressão muito intensa para doença reaparecer, todavia ainda não há indivíduos suficientes para se deflagrar uma epidemia como a de 2001-2002. Isso é questão de tempo, talvez daqui a um ano ou dois (ou até antes) já seja suficiente para se ter uma epidemia com os sorotipos que já estão circulando no Brasil. O que temos hoje são níveis endêmicos, a dengue é endêmica no Brasil, e podemos ter períodos de epidemia. De qualquer forma cada vez mais assistiremos a casos graves, esse fato também já é velho conhecido das autoridades.
Outro aspecto que é pouco abordado é a volta da febre amarela urbana. temos o vetor e a enzootia só falta uma ponte. Sinceramente eu ainda não entendo como não há febre amarela no Rio.
Atualmente no Rio há uma enorme infestação dos domícilios pelo Aedes, em todo canto se encontra este vetor, é claro que existe uma pressão muito intensa para doença reaparecer, todavia ainda não há indivíduos suficientes para se deflagrar uma epidemia como a de 2001-2002. Isso é questão de tempo, talvez daqui a um ano ou dois (ou até antes) já seja suficiente para se ter uma epidemia com os sorotipos que já estão circulando no Brasil. O que temos hoje são níveis endêmicos, a dengue é endêmica no Brasil, e podemos ter períodos de epidemia. De qualquer forma cada vez mais assistiremos a casos graves, esse fato também já é velho conhecido das autoridades.
Outro aspecto que é pouco abordado é a volta da febre amarela urbana. temos o vetor e a enzootia só falta uma ponte. Sinceramente eu ainda não entendo como não há febre amarela no Rio.
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