Figura - Regiões das Américas com relato de ocorrência de casos humanos de Febre de Oropouche (fonte: CAD. SAÚDE COLET., RIO DE JANEIRO, 15 (3): 303 - 318, 2007)
A Febre de Oropouche é uma doença viral transmitida por artrópodes. O vírus causador pertence à família Bunyaviridae e o seu transmissor é uma pequena mosca (3 mm) hematófaga Culicoides paraensis (maruim). São insetos encontrados em regiões ribeirinhas e alagadas com abundância de matéria orgânica. Outros vetores também mostraram-se capazes de transmitir a doença, como os mosquitos do gênero Culex e Aedes.
A doença foi descrita pela primeira vez no Pará e depois encontrada em outras regiões do estado do Amazonas. Recentemente um surto foi relatado em cidades do Peru (link: Oropouche em Cusco). No Brasil também já causou surtos no Maranhão (Porto Franco) e em Tocantins (Tocantinópolis) no fim da década de 80. Estudos recentes indicam que o Oropouche pode ser a responsável por mais da metade dos casos de doença febril aguda nas Regiões Amazônicas (principalmente Pará, Norte de Tocantis, Maranhão e Amazonas). Epidemias em vilarejos (zonas urbanas) são frequentes e chamam pouca a atenção das autoridades sanitárias nacionais.
A doença caracteriza-se por período de incubação de 3 a 5 dias com evolução para febre, mialgia, cefaleia, artralgia e fotofobia intensa. A duração dos sintomas costuma ser em média de 3 dias com evolução geralmente benigna, no entanto foram descritos casos com meningite asséptica. O quadro clínico se aproxima muito do observado na dengue, portanto a maior parte dos diagnósticos pode ser erroneamente atribuído à dengue.
O diagnóstico se realiza nomeadamente por meio de exames sorológicos e não há tratamento específico e nem vacinas disponíveis. A grande questão é a potencial capacidade de disseminação deste vírus para regiões mais populosas mais ao sul do Brasil, agregando complexidade ao diagnóstico diferencial e causando mais morbidade à população. A possibilidade de transmissão por mosquitos do gênero Culex e Aedes fortalece a necessidade de vigilância mais estreita aos casos de doença febril aguda em todos os estados brasileiros e países vizinhos.
English Version:
Oropouche
fever is a viral disease transmitted by arthropods. The causative virus belongs
to the family Bunyaviridae, and its
transmitter is a small fly (3 mm) hematophagous Culicoides paraensis (maruím).
They are insects found in Riverside
regions and flooded with an abundance of
organic matter. Other vectors were also able to transmit the disease, such as
the mosquitoes of the genus Culex and Aedes.
The disease
was first described in Brazil in Pará state and later found in other regions of
the state of Amazonas. Recently an outbreak has been reported in Peruvian
cities (link: Oropouche in Cusco). In Brazil, it has also caused outbreaks in
Maranhão (Porto Franco) and Tocantins (Tocantinópolis) in the late 1980s.
Recent studies indicate that Oropouche may be responsible for more than half of
the cases of acute febrile disease in the
Amazonian Regions Pará, North of Tocantins,
Maranhão, and Amazonas). Epidemics in
villages (urban areas) are frequent and draw little attention from national
health authorities.
The disease
is characterized by an incubation period
of 3 to 5 days with evolution to fever, myalgia, headache, arthralgia and
intense photophobia. The duration of the symptoms usually is in an average
of 3 days with generally benign evolution, nevertheless have been described
cases with aseptic meningitis. The
clinical picture is close to that observed in dengue, so most diagnoses can be erroneously
attributed to this virus.
The diagnosis
is made namely through serological tests,
and there is no specific treatment or vaccines available. The major issue is
the potential spread of this virus to more populated regions in southern
Brazil, adding complexity to the differential diagnosis and causing more
morbidity to the population. The possibility of transmission by mosquitoes of
the genus Culex and Aedes strengthens the need for closer surveillance to cases
of acute febrile illness in all Brazilian states and neighboring countries.
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