Marinon et al publicaram em outubro de 2007 no Journal of Clinical Microbiology (Oct. 2007, p.3198-3206) a proposta de criação de 3 novas espécies no gênero Sporothrix, todas patogênicas para seres humanos, são elas: S. globosa, S. mexicana e S. brasiliensis. Esta última a partir de cepas de centros brasileiros como Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas da FIOCRUZ. A diferença entre as cepas foi descoberta por análise genômica.
Talvez esta classificação vingue, mas ainda é cedo para aceitar estas modificações, vamos observar a reação de outros pesquisadores e seus comitês.
Médico infeciologista. Mestre e Doutor em Medicina Tropical. Autor do Livro Lições de Epidemiologia
domingo, março 02, 2008
quarta-feira, novembro 14, 2007
Nova modalidade de tratamento da ITU baixa
Saiu no Archives of Internal Medicine ( Vol. 167 No. 20, November 12, 2007) que o tratamento com 5 dias de nitrofurantoína para cistite (ITU não complicada) em mulheres jovens é semelhante ao tratamento padrão com co-trimoxazol. Foi um estudo randomizado aberto com cerca de 300 mulheres.
Pelo que eu vejo aqui na minha realidade, utiliza-se pouco a nitrofurantoína, mas quem sabe se em vigência de alta freqüencia de resistência este uso possa se tornar mais atrativo. De qualquer maneira ai vai o atalho para o abstract:
http://archinte.ama-assn.org/cgi/content/abstract/167/20/2207?etoc
Pelo que eu vejo aqui na minha realidade, utiliza-se pouco a nitrofurantoína, mas quem sabe se em vigência de alta freqüencia de resistência este uso possa se tornar mais atrativo. De qualquer maneira ai vai o atalho para o abstract:
http://archinte.ama-assn.org/cgi/content/abstract/167/20/2207?etoc
segunda-feira, novembro 05, 2007
Alucinações parasitárias
Há uns 2 meses eu atendi uma paciente com 50 anos de idade que apresentava queixa de parasitas (vermes) que se alojaram na sua pele e que em alguns períodos a rompiam indo infestar outras regiões causando desconforto e prurido. Ela informava que já havia procurado outros médicos sem muito sucesso, mas estava em uso de tiabendazol tópico, que aplicava na pele constantemente. Durante o exame não havia evidência de lesões cutâneas e os exames de fezes eram todos negativos (vários). Pedi para a paciente procurar um psiquiatra e que se possível me trouxesse os vermes conservados em solução fisiológica ou formol. Ela não retornou até o momento.
Nesta semana lendo a CID me deparei com um artigo de revisão descrevendo três casos idênticos ao que eu atendi. Aprendi algumas coisas como o termo folie à deux (loucura compartilhada por dois) que é comum acontecer com filhos ou maridos de pacientes nesta situação, esta condição rara está definida como disordem psicótica compartilhada no DSM IV.
Quem quiser ler acesse esta ligação:
http://www.journals.uchicago.edu/doi/pdf/10.1086/523004
Nesta semana lendo a CID me deparei com um artigo de revisão descrevendo três casos idênticos ao que eu atendi. Aprendi algumas coisas como o termo folie à deux (loucura compartilhada por dois) que é comum acontecer com filhos ou maridos de pacientes nesta situação, esta condição rara está definida como disordem psicótica compartilhada no DSM IV.
Quem quiser ler acesse esta ligação:
http://www.journals.uchicago.edu/doi/pdf/10.1086/523004
segunda-feira, setembro 10, 2007
Nova diretriz para tratamento de histoplasmose da sociedade americana de infectologia
Irá sair publicado em 1 de outubro na CID as novas diretrizes para tratamento da histoplasmose da IDSA. Novidades:
Tratamento de escolha pra a forma disseminada é a anfotericina B lipossomal, tornando a desoxicolato opção adequada para pacientes sem potencial risco de IR.
Valoriza o uso de itraconazol suspensão(ainda não disponível no Brasil), com monitorização dos níveis séricos.
Valoriza o diagnóstico da forma disseminada, inclusive in HIV positive patients, a pesquisa de antígeno urinário e sérico.
Deixa aberto o tempo de tratamento inicial de acordo com a reposta clínica do paciente.
Quem quiser baixar o original é só ir neste endereço:
http://www.journals.uchicago.edu/CID/journal/issues/v45n7/51625/51625.html
Tratamento de escolha pra a forma disseminada é a anfotericina B lipossomal, tornando a desoxicolato opção adequada para pacientes sem potencial risco de IR.
Valoriza o uso de itraconazol suspensão(ainda não disponível no Brasil), com monitorização dos níveis séricos.
Valoriza o diagnóstico da forma disseminada, inclusive in HIV positive patients, a pesquisa de antígeno urinário e sérico.
Deixa aberto o tempo de tratamento inicial de acordo com a reposta clínica do paciente.
Quem quiser baixar o original é só ir neste endereço:
http://www.journals.uchicago.edu/CID/journal/issues/v45n7/51625/51625.html
terça-feira, agosto 28, 2007
Meningite a Líquor Claro e Bartonelose
A doença da arranhadura do gato é causada pela Bartonella henselae, sendo bastante freqüente sua circulação entre os membros da comunidade. Estamos em vias de publicar um relato de um caso de DAG que além de complicar-se com neurorretinite também apresentou achados liquóricos compatíveis com meningite. Na literatura este seria o 4o. caso relatado. Talvez seja mais uma causa negligenciada de meningite a líquor claro. Assim que for publicado vou disponibilizar no blog.
Segue o link para o artigo:
Cat scratch disease complicated with aseptic meningitis and neuroretinitis
Segue o link para o artigo:
Cat scratch disease complicated with aseptic meningitis and neuroretinitis
sexta-feira, novembro 03, 2006
Dúvida sobre Febre Amarela
Oi professor,
Aqui é Pollyana, aluno do sétimo período de medicina da Unigranrio, gostaria que me ajudasse, a respeito de 3 dúvidas sobre Febre amarela:
1)A malária deve ser excluída do diagnóstico por distensão sanguínea seriada, mesmo se o diagnóstico de FA for confirmado, tendo em vista a possibilidade de concomitâncias das 2 doenças, isto se deve por causa da epidemiologia,ou não tem nada a ver ou então existem outros fatores,caso existam outros fatores para explicar esta razão, quais são ?( já procurei mas os livros que poderiam ter, mas são vagos...)
R. Em áreas endêmicas para malária e febre amarela, a concomitância das duas doenças é possível. O diagnóstico dever ser feito a partir do exame clínico e laboratorial (se houver suspeita de FA). O tratamento para malária deve ser instituído e no momento não há tratamento específico para FA. Sempre questionar a vacinação para FA, já que é obrigatória em área endêmicas para a doença.
2)A OMS recomenda a vacinação para crianças maiores de 9 meses (áreas endêmicas)e a CIVES crianças maiores de 6 meses, quando fui procurar as contra-indicações da vacina contra FA, estava escrito ,que crianças com 4 meses ou menos são contra-indicados devido ao risco de encefalite viral,o que leva a este acontecimento? E esta contra-indicação explicaria o fato de serem vacinados apenas crianças maiores de 9 meses?
R. Os extremos de idade podem ter como efeito colateral a encefalite/ doença disseminada por vírus vacinal. Isso ocorre pelo fato que a vacina é constituída por vírus vivos inativados. A recomendação é vacinar crianças acima de 9 meses. Excepcionalmente em situações onde o risco de epidemia é alto, recomenda-se vacinar crianças a partir de 6 meses.
3)Por qual motivo pessoas que viajarão para áreas endêmicas de FA devem ser vacinadas 10 dias antes da viagem?
R. A imunidade da vacina só aparece cerca de 10 dias depois da imunização.
Muito obrigado,
Pollyana Piragibe
Aqui é Pollyana, aluno do sétimo período de medicina da Unigranrio, gostaria que me ajudasse, a respeito de 3 dúvidas sobre Febre amarela:
1)A malária deve ser excluída do diagnóstico por distensão sanguínea seriada, mesmo se o diagnóstico de FA for confirmado, tendo em vista a possibilidade de concomitâncias das 2 doenças, isto se deve por causa da epidemiologia,ou não tem nada a ver ou então existem outros fatores,caso existam outros fatores para explicar esta razão, quais são ?( já procurei mas os livros que poderiam ter, mas são vagos...)
R. Em áreas endêmicas para malária e febre amarela, a concomitância das duas doenças é possível. O diagnóstico dever ser feito a partir do exame clínico e laboratorial (se houver suspeita de FA). O tratamento para malária deve ser instituído e no momento não há tratamento específico para FA. Sempre questionar a vacinação para FA, já que é obrigatória em área endêmicas para a doença.
2)A OMS recomenda a vacinação para crianças maiores de 9 meses (áreas endêmicas)e a CIVES crianças maiores de 6 meses, quando fui procurar as contra-indicações da vacina contra FA, estava escrito ,que crianças com 4 meses ou menos são contra-indicados devido ao risco de encefalite viral,o que leva a este acontecimento? E esta contra-indicação explicaria o fato de serem vacinados apenas crianças maiores de 9 meses?
R. Os extremos de idade podem ter como efeito colateral a encefalite/ doença disseminada por vírus vacinal. Isso ocorre pelo fato que a vacina é constituída por vírus vivos inativados. A recomendação é vacinar crianças acima de 9 meses. Excepcionalmente em situações onde o risco de epidemia é alto, recomenda-se vacinar crianças a partir de 6 meses.
3)Por qual motivo pessoas que viajarão para áreas endêmicas de FA devem ser vacinadas 10 dias antes da viagem?
R. A imunidade da vacina só aparece cerca de 10 dias depois da imunização.
Muito obrigado,
Pollyana Piragibe
segunda-feira, outubro 30, 2006
Diferença entre animal venenoso e peçonhento
Os animais peçonhentos produzem veneno e são capazes de inoculá-lo através de estruturas especiais que existem para este objetivo ex. serpentes.
Há animais que produzem veneno mas não têm aparelho inoculador e portanto não são peçonhentos ex. algumas espécies de sapo.
O Ministério da Saúde tem um manual (link) sobre a conduta frente acidentes por animais peçonhentos, lembrando que cada local tem as suas particularidades em relação à abordagem clínica, pois as espécies de animais variam geograficamente.
Há animais que produzem veneno mas não têm aparelho inoculador e portanto não são peçonhentos ex. algumas espécies de sapo.
O Ministério da Saúde tem um manual (link) sobre a conduta frente acidentes por animais peçonhentos, lembrando que cada local tem as suas particularidades em relação à abordagem clínica, pois as espécies de animais variam geograficamente.
segunda-feira, janeiro 16, 2006
Discussão de Artigo - Meningite
Community-Acquired Bacterial Meningitis in Adults
van de Beek, D. NEJM 2006;354:44-53
Este artigo não tem novidades. Achei interessante a abordagem da HIC, com as figuras etc. O que me preocupa é a recomendação de vancomicina como tratamento empírico, lá nos EEUU realmente há necessidade do usos deste glicopeptídeo pela alta prevalência de pneumococo resistente aos b-lactâmicos, todavia aqui no Brasil esta resistência não é um problema. Ainda pode-se usar a ceftriaxone com segurança.
De resto tudo a mesma coisa de sempre.
van de Beek, D. NEJM 2006;354:44-53
Este artigo não tem novidades. Achei interessante a abordagem da HIC, com as figuras etc. O que me preocupa é a recomendação de vancomicina como tratamento empírico, lá nos EEUU realmente há necessidade do usos deste glicopeptídeo pela alta prevalência de pneumococo resistente aos b-lactâmicos, todavia aqui no Brasil esta resistência não é um problema. Ainda pode-se usar a ceftriaxone com segurança.
De resto tudo a mesma coisa de sempre.
Dengue tipo 3 mata no Rio de Janeiro
Mais uma epidemia anunciada. Ainda me lembro no final de 2003 quando o ministério da saúde anunciou que a dengue era um problema solucionado e que os casos haviam diminuído em 80 % graças à ação desta competente esfera. Que balela! A dengue desapareceu porque as condições predisponentes para epidemia não foram alcançadas (como a presença de indivíduos suscetíveis), essa é a história natural.
Atualmente no Rio há uma enorme infestação dos domícilios pelo Aedes, em todo canto se encontra este vetor, é claro que existe uma pressão muito intensa para doença reaparecer, todavia ainda não há indivíduos suficientes para se deflagrar uma epidemia como a de 2001-2002. Isso é questão de tempo, talvez daqui a um ano ou dois (ou até antes) já seja suficiente para se ter uma epidemia com os sorotipos que já estão circulando no Brasil. O que temos hoje são níveis endêmicos, a dengue é endêmica no Brasil, e podemos ter períodos de epidemia. De qualquer forma cada vez mais assistiremos a casos graves, esse fato também já é velho conhecido das autoridades.
Outro aspecto que é pouco abordado é a volta da febre amarela urbana. temos o vetor e a enzootia só falta uma ponte. Sinceramente eu ainda não entendo como não há febre amarela no Rio.
Atualmente no Rio há uma enorme infestação dos domícilios pelo Aedes, em todo canto se encontra este vetor, é claro que existe uma pressão muito intensa para doença reaparecer, todavia ainda não há indivíduos suficientes para se deflagrar uma epidemia como a de 2001-2002. Isso é questão de tempo, talvez daqui a um ano ou dois (ou até antes) já seja suficiente para se ter uma epidemia com os sorotipos que já estão circulando no Brasil. O que temos hoje são níveis endêmicos, a dengue é endêmica no Brasil, e podemos ter períodos de epidemia. De qualquer forma cada vez mais assistiremos a casos graves, esse fato também já é velho conhecido das autoridades.
Outro aspecto que é pouco abordado é a volta da febre amarela urbana. temos o vetor e a enzootia só falta uma ponte. Sinceramente eu ainda não entendo como não há febre amarela no Rio.
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